Pessoal, abaixo texto de um querido amigo, contando-nos um pouco de sua experiência no Grupo de Pais Gays em São Paulo! Ótimo, vale a pena conferir!!
Ser gay, ser pai – reflexões sobre o Grupo de Pais Gays de São Paulo
Autor do texto: Christian Heinlik
"A paternidade por si só é um fator de mudança na vida de quem se aventura na construção de uma família. A paternidade em famílias gays, de solteiros ou casais, começa com todos os embates, dúvidas e inseguranças que quaisquer novos pais, independentemente da orientação sexual... mas vários desdobramentos trazem particularidade a essa modalidade de núcleo familiar, desdobramentos para os adultos e para os filhos.
Nossa! Um universo de dúvidas, receios, descobertas, dores e delícias se descortina quando uma família gay recebe seu/s filho/s. O Grupo de Pais Gays de São Paulo foi formado justamente para dar referência, promover discussões, criar espaço para a troca de experiências... tudo isso com um grande objetivo: promover vínculos mais saudáveis entre pais gays e seus filhos. Saúde esta que vem não apenas através da troca de experiências, mas, antes de mais nada, da consciência de que ser gay não “exclui” a possibilidade de se ter uma família, muito menos implica em relações pouco saudáveis, imagem que, infelizmente, ainda faz parte do imaginário popular, inclusive entre os próprios homossexuais.
Sim, o conceito de que uma família gay causará mais estragos à psique dos filhos, paradoxalmente, permeia o discurso não só de heterossexuais, mas também de muitos homossexuais. Às vezes por falta de informação, às vezes por apego à crença da volatilidade das relações gays, da promiscuidade, do narcisismo exacerbado... não vem ao caso agora discutir os porquês, o que é importante ressaltar é que famílias gays com filhos ainda são tabu para a sociedade em geral. Tabu que vem sendo ‘desmontado’ com a ajuda de pesquisas e trabalhos científicos que têm avaliado a qualidade do vínculo entra pais gays e seus filhos.
As conclusões dessas pesquisas? Que a orientação sexual dos pais tem nenhum impacto na estruturação da filiação, da vinculação. O que faz diferença é a qualidade das relações afetivas, o desejo do/s pai/s ao se tornarem ‘pais’, a auto-aceitação de sua condição homossexual...
Certamente vivemos um período de busca e descobertas de novos caminhos, com a jurisprudência apontando para uma nova abordagem sobre o reconhecimento da união entre casais formados por pessoas do mesmo sexo, com possibilidade, ainda que repleta de dificuldades jurídicas, da adoção de crianças por casais gays (solteiros já adotam há mais tempo). Mudanças lentas, mas que permitem que a sociedade em geral, incluindo os próprios gays, perceba que a orientação sexual homoafetiva não exclui o direito e a possibilidade de exercer alguns desejos que até a pouco tempo não imaginávamos poder realizar.
Vou citar uma conversa que tive com um amigo que também é gay e hoje se prepara para ser pai por adoção. Não vou citá-la por achar que foi mais importante que as muitas conversas que já presenciei sobre o tema, mas sim porque foi simbólica... porque exemplifica esse momento de descoberta de que falei há pouco, esse momento de nos apropriarmos de nossos desejos e direitos... Estava na festa de aniversário de um amigo, conversava com algumas pessoas, contava das minhas aventuras na fase de habilitação para adoção... um rapaz que estava participando do papo (esse que hoje é pretendente à adoção) me perguntou espantado: “mas um cara solteiro e gay pode adotar???”... “sim”, respondi com um sorriso... e a conversa seguiu como se desbravássemos um novo continente!
Poesia à parte, essa conversa me marcou, pois acho que de fato muitas vezes vivemos menos coisas do que gostaríamos pelo simples fato de não acreditarmos ou simplesmente não sabermos ser possível... no caso da paternidade por homossexuais isto é muito freqüente.
No Grupo de Pais Gays de São Paulo, após alguns encontros, já conseguíamos perceber mudanças em todos... na aceitação da própria homossexualidade (e consequente melhora na relação com familiares e amigos), no amadurecimento do desejo de paternidade e, mais do que tudo, na sensação de que não estamos sós, de que podemos contar com a valiosa e imprescindível amizade de pessoas que se reúnem por afinidade: a paternidade!"
Quem quiser pode conferir o blog do Christian: www.poeticaseca.blogspot.com
Beijos a todos!! E vamos continuar refletindo sobre temas importantes como este... Chris, obrigada pelo texto, com certeza enriqueceu muito o blog!
Achei muito rico o texto, ainda mais por deixar mais próximo de nós a possibilidade da paternidade, que tanto nos angustia, com certeza, por falta de informação.
ResponderExcluirEu acredito que divulgar esse grupo de pais pode colaborar e muito para o processo de adoção homessexual, bem como para a criação dos filhos propriamente dita.
Oi Ma,
ResponderExcluirSegue o link de uma reportagem interessante sobre políticas públicas e diversidade.
Beijos,
Chris
http://sociologiacienciaevida.uol.com.br/ESSO/Edicoes/23/artigo133462-1.asp
socorro preciso falar sobre este tema em um trabalho e não sei por onde começar.
ResponderExcluiralguém pode mim ajudar.
estudante de psicologia manaus.
obrigada.
Olá Eduardo,
ResponderExcluirVeja esta entrevista que eu e a Prof. Ana Cláudia Maia da unesp demos sobre o tema: http://adocaoehomossexualidade.blogspot.com/2010/02/editora-jurua-entrevista-autoras-do.html.
Se quiser se aprofundar, tenho dois livros para lhe indicar, que podem lhe ajudar no seu trabalho, um na área da`Psicologia e outro na área do Direito:
Adoção por homossexuais: a família homparental sob o olhar da psicologia jurídica, de minha autoria e da Profa. Ana Cláudia e A possibilidade jur~idica da adoção por casais homossexuais - Enézio de Deus. Ambos são da ed. Juruá, pode adquirir pelo site: www.jurua.com.br, espero que ajude...beijos!
Olá, meu nome é Maria Laura, sou jornalista da revista Marie Claire e gostaria de entrar em contato com essa associação de pais gays porque estou fazendo uma matéria sobre o assunto. Meu email é mneves@edglobo.com.br.
ResponderExcluirObrigada
Olá Maria Luiza!
ResponderExcluirÉ um prazer recebê-la no Blog! Passei o contato do Christian (que faz parte do grupo e escreveu este texto) no seu e-mail, ok?
Estou a disposição caso necessite de mais informações sobre o tema, o que os estudos têm constatado sobre as relações homoparentais e os cuidados que devem ser tomados em relação aos mitos e preconceitos para evitar prejudicar a criança e as relação familiares.
Olá, estou com um projeto de tcc sobre adoção e me interessei demais pela história do Christian.
ExcluirGostaria muito de entrar em contato com ele. Como posso proceder?
Abraços!
Meu email é o andressasartori@globo.com
ExcluirFico no aguardo!
Olá, meu nome é Danielle , sou estudante de direito e meu tema de monografia é sobre a adoção homossexual.Adorei o blog e é a primeira vez que eu entro em um, só não sei como me cadastrar!Espero que continuem com esse trabalho de divulgação que é tão lindo e rico em informação.
ResponderExcluirOlá Danielle! Seja bem-vinda! Que bom que está pesquisando sobre a temática. Se puder, envie-me seu trabalho quando finalizar! Abraços, Mariana Farias.
ResponderExcluirVejo que há algum tempo vocês já não conversam a respeito desta temática. Mas gostaria de dividir com vocês um pouco da experiência de ser pai num resacionamento afetivo. É um mundo cheio de mistérios, mágicas.. mas ainda rodeado de tabus e um sistema burocratico arcáico que ainda não acompanhou o desenvolvimento social... Ainda existe muito a ser feito e principalmente compartilhado...
ResponderExcluirPercebo que há algum tempo vocês já não falam a respeito desta temática. Sou pai em um relacionamento homoafetivo e gostaria de compartilhar um pouco de minhas experiências nessa jornada. É algo enriquecedor, mas que certamente ainda esconde muitos tabus, e um sistema que está morosamente mudando para que seja um pouco mais flexível. Abraço a todos...
ResponderExcluirOlá Kleber! Obrigada por compartilhar sua experiência aqui! Quem sabe conseguimos montar um grupo! Sugestão anotada!
ResponderExcluirbeijos
Boa noite, sou jornalista e estou produzindo um vídeo documentário sobre homoparentalidade. Como faço para entrar em contato com esse Grupo em São Paulo?
ResponderExcluircecijor92@gmail.com